terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sem espaço no cemitérios

A família de Antônio Carlos Sales, morto na última quarta-feira em São Gonçalo, foi obrigada a aguardar mais de 34 horas para conseguir enterrá-lo. Motivo: faltam vagas em todos os quatro cemitérios municipais. Por ter que ficar numa fila de espera, o corpo só foi sepultado ontem, às 9h30m, no Cemitério São Miguel.O irmão de Antônio, o estivador Adalberto Sales, de 52 anos, disse que a situação é revoltante:- É um jogo de empurra. A prefeitura culpa a funerária, que, por sua vez, culpa a prefeitura. Mas quem sofre é a família, que não tem nada a ver com isso. Temos que ficar aqui, em um momento difícil, esperando uma solução. Muitas vezes, consegue vaga quem tem um conhecido. Agora, meu irmão fica aqui. Isto é um desrespeito.Espera no IML A funcionária da Funerária São João Batista, Sandra Conceição, disse que existe uma orientação da prefeitura para que as funerárias orientem as famílias a deixarem os corpos no Instituto Médico-Legal ou nos hospitais, até que abra uma vaga num dos cemitérios da cidade.Já a funcionária da Funerária Nossa Senhora de Santana, Sulamita Souza, conta que, há três meses, o problema atingiu um nível caótico. As funerárias da região não sabem mais como trabalhar:- Temos que cuidar da família e dizer para eles que, depois de resolver toda a burocracia, comprar caixões e pagar a taxa municipal, seu parente não poderá ser enterrado porque não há vagas nos cemitérios. Quem entende uma coisa assim?Prefeitura exige autorizaçãoA Secretaria de Administração da Prefeitura de São Gonçalo informou ontem que, diariamente, são programadas exumações com observância aos prazos e normas legais, e que somente após ser finalizada a retirada dos restos mortais podem ser abertas vagas para novos sepultamentos. Segundo a prefeitura, a garantia dada aos parentes dos mortos, pelas funerárias, de data e hora de sepultamento nos cemitérios municipais, sem prévia autorização da Superintendência Funerária da prefeitura, é uma prática que fere o Código de Defesa do Consumidor e a Lei Orgânica municipal.

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